A
Confiança é o Elo entre a Sociedade e a Amizade
Ainda que a sinceridade e a
confiança estejam relacionadas, são, no entanto, diferentes: a sinceridade
consiste em abrir o coração e em mostrarmo-nos tal como somos por amor da
verdade. Odeia o disfarce e quer reparar as suas faltas, mesmo que para isso seja
preciso diminui-las pelo valor da confissão. Quanto à confiança, esta não nos
concede o mesmo grau de liberdade, as suas regras são mais rigorosas, requer
mais prudência e moderação. Ora, nem sempre estamos livres para obedecer a
estes requisitos. Não somos só nós, no que a ela diz respeito, que estamos
envolvidos, porque os nossos interesses misturam-se quase sempre com os dos
outros. Requer uma enorme justeza para não levar os nossos amigos a
entregarem-se, pelo facto de nós nos termos entregado, como para lhes oferecer
um presente, com a única intenção de aumentar o preço do que nós damos.
Fica-se
sempre satisfeito com o facto de os outros depositarem confiança em nós porque
é um tributo que oferecemos ao nosso mérito, é um depósito que fazemos à nossa
confiança, são, enfim, fianças que lhes dão algum direito sobre nós, isto é,
aceitamos uma certa dependência à qual nos sujeitamos voluntariamente. Não, não
é minha intenção destruir com as minhas palavras a confiança, que é tão
importante entre os homens, uma vez que é o elo entre a sociedade e a amizade.
(...) Damos a nossa confiança, a maior parte das vezes, por uma questão de vaidade, porque queremos falar, porque queremos conquistar a confiança dos outros, mas também para podermos trocar segredos. Há pessoas que terão razão em acreditar em nós e com as quais não teríamos boa razão de corresponder, mas ficamos quites quando guardamos os seus segredos e quando correspondemos com confidências superficiais. Há outras cuja sinceridade conhecemos, que não têm nada a ver connosco, mas em quem podemos confiar, seja por escolha ou por estima. A estas pessoas não devemos esconder nada do que nos é íntimo, devendo mostrar-lhes verdadeiramente as nossas boas e mesmo as nossas más qualidades, sem exagerarmos nas primeiras e sem diminuirmos as segundas.
La Rochefoucauld, in 'Reflexões'
(...) Damos a nossa confiança, a maior parte das vezes, por uma questão de vaidade, porque queremos falar, porque queremos conquistar a confiança dos outros, mas também para podermos trocar segredos. Há pessoas que terão razão em acreditar em nós e com as quais não teríamos boa razão de corresponder, mas ficamos quites quando guardamos os seus segredos e quando correspondemos com confidências superficiais. Há outras cuja sinceridade conhecemos, que não têm nada a ver connosco, mas em quem podemos confiar, seja por escolha ou por estima. A estas pessoas não devemos esconder nada do que nos é íntimo, devendo mostrar-lhes verdadeiramente as nossas boas e mesmo as nossas más qualidades, sem exagerarmos nas primeiras e sem diminuirmos as segundas.
La Rochefoucauld, in 'Reflexões'
*Tenha uma ótima noite com ótimos sonhos!!
Beijo com carinho!!
Ana Fonsecka
Muito bom Ana! Adorei...
ResponderExcluirBeijo