terça-feira, 15 de maio de 2012

A Confiança é o Elo entre a Sociedade e a Amizade





A Confiança é o Elo entre a Sociedade e a Amizade

Ainda que a sinceridade e a confiança estejam relacionadas, são, no entanto, diferentes: a sinceridade consiste em abrir o coração e em mostrarmo-nos tal como somos por amor da verdade. Odeia o disfarce e quer reparar as suas faltas, mesmo que para isso seja preciso diminui-las pelo valor da confissão. Quanto à confiança, esta não nos concede o mesmo grau de liberdade, as suas regras são mais rigorosas, requer mais prudência e moderação. Ora, nem sempre estamos livres para obedecer a estes requisitos. Não somos só nós, no que a ela diz respeito, que estamos envolvidos, porque os nossos interesses misturam-se quase sempre com os dos outros. Requer uma enorme justeza para não levar os nossos amigos a entregarem-se, pelo facto de nós nos termos entregado, como para lhes oferecer um presente, com a única intenção de aumentar o preço do que nós damos.
Fica-se sempre satisfeito com o facto de os outros depositarem confiança em nós porque é um tributo que oferecemos ao nosso mérito, é um depósito que fazemos à nossa confiança, são, enfim, fianças que lhes dão algum direito sobre nós, isto é, aceitamos uma certa dependência à qual nos sujeitamos voluntariamente. Não, não é minha intenção destruir com as minhas palavras a confiança, que é tão importante entre os homens, uma vez que é o elo entre a sociedade e a amizade.
(...) Damos a nossa confiança, a maior parte das vezes, por uma questão de vaidade, porque queremos falar, porque queremos conquistar a confiança dos outros, mas também para podermos trocar segredos. Há pessoas que terão razão em acreditar em nós e com as quais não teríamos boa razão de corresponder, mas ficamos quites quando guardamos os seus segredos e quando correspondemos com confidências superficiais. Há outras cuja sinceridade conhecemos, que não têm nada a ver connosco, mas em quem podemos confiar, seja por escolha ou por estima. A estas pessoas não devemos esconder nada do que nos é íntimo, devendo mostrar-lhes verdadeiramente as nossas boas e mesmo as nossas más qualidades, sem exagerarmos nas primeiras e sem diminuirmos as segundas.

La Rochefoucauld, in 'Reflexões'

*Tenha uma ótima noite com ótimos sonhos!!

Beijo com carinho!!

Ana Fonsecka


quinta-feira, 10 de maio de 2012

PSICOLOGIA HOSPITALAR






PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO TRABALHO PSICOLÓGICO EM UM HOSPITAL GERAL
A Psicologia Hospitalar surge para proporcionar o entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos que envolvem o adoecer do ser humano. A hospitalização pode ser vivida como um dos momentos mais difíceis do adoecer. Nesse cenário, o papel do psicólogo torna-se fundamental para auxiliar a tríade de ação hospitalar, ,a saber, os pacientes, a família e a equipe do hospital na travessia do tratamento. A prática da Psicologia Hospitalar tem também como foco de ação, entender a subjetividade do que é falado pelo paciente. O psicólogo hospitalar deve se atentar ao significado da doença para cada paciente, pois cada indivíduo possui uma atitude diante a doença de maneira subjetiva, sendo assim, toda doença tem um significado psíquico, e o psicólogo utiliza de duas técnicas, a escuta analítica e manejo situacional, para compreendê-los.
A função do psicólogo no hospital pode ser primária, porém é centrada nos âmbitos secundário (atividades assistenciais) e terciário (capacidade resolutiva dos casos mais complexos do sistema, hospitais especializados e de especialidades) de atenção à saúde. Atua em instituições de saúde realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e inter consultoria.
Rodriguez, Marín (2003) sintetiza as seis tarefas básicas do psicólogo que trabalha em hospital:
 1) Função de coordenação: relativa às atividades com os funcionários do hospital;
 2) Função de ajuda à adaptação: em que o psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente internado;
3) Função de inter consulta: atua como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o paciente;
4) Função de enlace: intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes;
5) Função assistencial direta: atua diretamente com o paciente;
6) Função de gestão de recursos humanos: para aprimorar os serviços dos profissionais da organização.
Para elaborar um projeto de implantação do trabalho psicológico em um hospital geral deve haver conhecimento dos aspectos conceituais da psicologia hospitalar,  conhecendo as particularidades geográficas e culturais do local de implantação, assim buscando suprir a real necessidade da saúde local.

 Aspectos conceituais da psicologia hospitalar para elaboração de um projeto de implantação do trabalho psicológico em hospital geral.
Definição:
A psicologia é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento.
Objetivos:
O objetivo da psicologia hospitalar é a subjetividade,  ajudando o paciente a fazer a travessia da experiência do tratamento.
Filosofia:
Valor para a Medicina é a cura
Valor para a Psicologia Hospitalar é a subjetividade.
Prática para a Medicina é de curar doenças.
Prática para a Psicologia é de reposicionar o sujeito em relação à doença.
Destino do sintoma para a Medicina é a destruição.
Destino do sintoma para a Psicologia é a escuta.
Subjetividade para a Medicina é excluída.
Subjetividade para a Psicologia é focada.
Cura para a Medicina é focada.
Cura para a Psicologia é transcendida.
Estratégia:
A estratégia da psicologia hospitalar é tratar do adoecimento no registro do simbólico.
Técnica:
Escuta analítica e manejo situacional.
Paradigma:
O ser humano como um todo... Se não o todo, ao menos o plural.
Importante entender que em um hospital “não existem doenças e sim doentes”. (Perestrello).




1.                  IDENTIFICAÇÃO.
1.1.             Identificar as condições essenciais para garantir a boa atuação do profissional da psicologia de modo que as intervenções psicológicas se tornem acessíveis e efetivas.
1.2.             Identificar formas em que as normas e procedimentos de atendimento podem ser melhorados, garantindo pronto atendimento, tornando mais imediato e eficaz as intervenções psicológicas.
1.3.             Deve-se ter em mente que o estudo e pesquisa sobre a população atendida precisa ser constante e não tem fim, pois a cultura é mutável e sendo assim, o atendimento deve buscar adaptar-se constantemente.
1.4.             O Psicólogo hospitalar deve manter a postura de um investigador dos fenômenos, tornando possível no presente a atuação de forma preventiva e não apenas recorrente Para obter sucesso como um investigador, é preciso extrair os problemas da própria prática e realidade em que se atua, visando, desse modo, o aprimoramento da prática.

2.                  IDENTIDADE DO PSICÓLOGO NO ÂMBITO HOSPITALAR.
2.1.             Elucidação do trabalho psicológico como compromisso ético.
2.2.             Proporcionar a elucidação de como o trabalho do psicólogo hospitalar é realizado para uma melhor compreensão de todos (equipes, pacientes, familiares). Havendo a compreensão, pressupõe-se que todos os envolvidos se sentirão seguros à atuação do psicólogo hospitalar, sendo assim aumentando a garantia de uma atuação efetiva do profissional da psicologia hospitalar nas intervenções.
3.                  SETORES DE ATUAÇÃO.
3.1.             Divisão em setores, segmentos de habilidades e competências para atender as necessidades da demanda hospitalar.
3.1.1.      Planta Hospitalar/Setores/Atuação por competência.
·                    Recursos Humanos; Administrar pessoas na área da saúde é encontrar profissionais que atendam às necessidades da instituição e tenham vocação para lidar com o capital humano. É importante contratar para o quadro de funcionários pessoas com boa formação acadêmica e pró-atividade no sentido de identificar possíveis necessidades dos pacientes e funcionários. Além disso, o RH de uma instituição de saúde precisa estar sempre atento às políticas da empresa com relação aos seus colaboradores, seja na capacitação dessas pessoas através de programas de treinamento e desenvolvimento, ou com os programas de investimento em qualidade de vida.  Deve-se, também, implantar um modelo de gestão por competência que influencia nas tomadas de decisão do departamento de recursos humanos, como por exemplo, pela identificação de pontos fortes e déficits a serem trabalhados assim planejando as intervenções. Com isso, o hospital passa a se preocupar mais com o bem estar de seus funcionários e oferece condições para que eles consigam administrar os efeitos do cotidiano da instituição hospitalar.
Importante: Equipe de higienização hospitalar, Assistente Social, Nutricionista, Cozinheiros, Copeiras, Equipe de Laboratório de Análise, Departamento De Pessoal, Segurança do Trabalho, Equipe de Segurança Patrimonial e Pessoal, Administração (faturamento), Administração (gerenciamento hospitalar), Lavanderia, Equipe fixa de manutenção predial entre outros, TI, 0800, Vendas pré e pós, Call Center, Farmácia de Manipulação, Farmácia para abastecer os setores do hospital, Almoxarifado, Motoristas.
·                    Pronto Socorro; O Pronto Socorro é um setor permeado por uma série de limites, pois prioriza o atendimento de alta complexidade e oferece assistência de qualidade. Os funcionários desse setor vivenciam nesta rotina o risco iminente de morte, o intenso sofrimento físico, emocional e o óbito. O papel do psicólogo hospitalar nesse contexto é procurar melhorara qualidade do atendimento prestado, dando a assistência ao paciente e ao funcionário, já que a pressão psicológica esta presente em ambos os casos.
·                    Unidade de Terapia Intensiva Adulto: O psicólogo junto à equipe da unidade de terapia intensiva tem por objetivo agregar suas experiências à equipe multidisciplinar.
·                     O psicólogo com seu conhecimento teórico e de vivencia como profissional, visa tornar possível junto da equipe os demais cuidadores a promoção de um largo suporte à vida do paciente atingindo numa dimensão biopsicossocial.
·                    As condições estressantes observadas na unidade de terapia intensiva tem impacto emocional evidente, podendo desencadear danos severos à saúde do paciente e o agravamento não apenas físico como emocional, que poderá atingir também a família, bem como a equipe multidisciplinar envolvida, onde o suporte psicológico deve ser em caráter de emergência.
·                    Unidade de Terapia Intensiva Infantil: Assim como a unidade de terapia intensiva para adultos, a missão principal é aliar o trabalho do psicólogo ao trabalho das equipes cuidadoras prestando apoio psicológico emergencial para crianças em tratamento intensivo. O papel do psicólogo nesta será tornar o período de internação da criança o mais ameno possível, através de atividades lúdicas, técnicas de psicoterapia clínica e conversas informais.
·                    Unidade de Terapia Intensiva Neonatal:  O foco de trabalho dos profissionais desta unidade deve concentrar-se no apoio as mães que comumente sofrem pelas condições nas quais seus filhos se encontram. Além disso, deve ser mantida a conscientização de toda a equipe acerca da importância de manter a mãe e a família do bebê informada sobre seu quadro, sendo continente e afável para suas queixas e dúvidas.
·                    Enfermaria: Deve-se manter a manutenção e boa comunicação na tríade hospitalar: paciente; equipe e família, o psicólogo deste setor tem como função principal a escuta dos sentimentos do pacientes perante a hospitalização de modo que este se sinta confortável e amparado.
·                    Apartamento adulto por gênero: Tal qual nos outros setores, o psicólogo incumbido de fazer visitação em apartamentos deve promover o bem estar emocional, a fim de promover e potencializar a recuperação do paciente. Através da escuta e da intervenção psicoterapêutica o profissional deverá integrar-se a equipe multidisciplinar do hospital a fim de tratar o paciente de forma holística, respeitando diferenças de gênero, sociais e todas as outras facetas que formam um indivíduo.
·                    Apartamento maternidade: Além dos procedimentos padrões ao psicólogo hospital, será incumbida ao profissional desde setor a função de: ser um canal onde a mãe e a família do bebê expressem suas emoções e pensamentos perante o nascimento das crianças, auxiliando-os a elaborarem as fantasias fruto da chegada da criança, bem como apontar as reais demandas um recém-nascido; tratamento psicoterapêutico emergencial em casos de depressão pós-parto, nascimento de filhos não desejados, portadores de deficiência física ou prematuros.
·                    Apartamento Doenças Infectos contágios: Mantendo o enfoque na tríade: paciente, família e equipe, o profissional desde setor deve promover a conscientização de famílias e pacientes acerca de doenças infecciosas bem como medidas profiláticas. Cabe também fazer uso de técnicas psicoterapêuticas para que o paciente consiga adaptar-se a sua doença e prosseguir com sua vida da forma mais natural possível.
 Além disso, é dever psicólogo conscientizar a equipe hospitalar acerca das peculiaridades e fragilidades psíquicas de paciente portadoras de doenças infecciosas, visando que o tratamento recebido por este seja o mais humano possível.
·                    Ambulatório de emergencial: Seguinte à meta da humanização da saúde, este profissional deve oferecer apoio e escuta principalmente para equipe, afim de que esta cumpra com seus papéis e mantenham sempre o bom atendimento como meta máxima. Fica a cargo do psicólogo desta área o apoio e a intervenção em casos de necessidade, e escuta de famílias de pacientes com diagnósticos e prognósticos graves.
·                    Ambulatório Eletivo: Ambulatório Eletivo: Destina-se ao atendimento de pacientes primordialmente para diagnóstico e tratamento, através de execução de ações de promoção, prevenção, recuperação, reabilitação dirigida ao indivíduo, à família e ao meio, quando a não necessidade de intervenção. (Proahsa, 1978). Portanto são pacientes que não apresentam casos patológicos em caráter de urgência.
Busca trazer para o âmbito hospitalar o amplo acesso a especialidades relacionadas à saúde. O ambulatório eletivo possui como missão promover um atendimento humanizado ao paciente eletivo com competência técnica de excelência, otimizando a utilização da estrutura assistencial do hospital, contudo os pacientes que buscam o ambulatório eletivo podem provem de um grupo de pessoas com excessiva e infundada preocupação, não caracterizando a emergência com a própria saúde, um exemplo são os hipocondríacos, outro grupo que procura ambulatório eletivo são os assintomáticos. No aspecto emocional o profissional da psicologia deve atuar na subjetividade das hipóteses elencadas pelo médico de determinada especialidade e no diagnóstico, pois o paciente eletivo que tem uma doença orgânica pode ser influenciado por fatores psíquicos agravando sua real condição de doente.
 O ambulatório
eletivo, ou ambulatório de especialidades funciona com horários específicos, as consultas são agendadas por telefone ou nos guichês de atendimento.
·                    Diagnósticos de Doenças Infectas Contagiosas Pandêmicas ou Epidêmicas;
Esse setor tem por obrigação fazer o levantamento das doenças dos pacientes que deram entrada no hospital e informar o órgão competente. Esse procedimento antecipa possíveis epidemias ou alterações relevantes. Faz-se compreender o porquê do caso de contagio do paciente ou dos pacientes.
O psicólogo hospitalar pode diagnosticar o porquê do surgimento da doença e poderá colaborar, no sentido de ser um caso isolado e/ou pandêmico ou epidêmico, pois apresentará fenômenos no âmbito psicossocial.
4.                  ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO HOSPITALAR.
4.1.             Ter embasamento teórico referente ao contexto hospitalar, especialização específica para o âmbito hospitalar, potencializar a habilidade de investigador, ser empático, ter a sensibilidade de atuar mesmo ao que se refere às adversidades da cultura e novos comportamentos da sociedade.
4.2.             Conduzir uma boa entrevista e anamnese, pois esses procedimentos há um protocolo a seguir e sempre se deve utilizar da sensibilização promovendo o bem estar.
4.3.             Faz-se necessário conhecer a história natural das doenças, desse modo, o psicólogo saberá identificar os fatores de risco que aumentam a probabilidade do adoecer e desenvolver além dos sintomas físicos, também sintomas psíquicos, psicopatológicas ou psicossomáticas e que venham manifestar-se ou que já estejam instalados fazendo com que o paciente apresente a patologia mais comorbidades. Uma paciente com pseudociese (gravidez psicológica), esta vivenciando uma fantasia delirante e somente após as dores do parto e o não nascimento da criança o sintoma da gestação desaparece e torna-se possível um encaminhamento para acompanhamento psicoterápico. Portanto, ao diagnosticar e realizar uma intervenção deve levar em consideração a subjetividade da história natural da doença e os possíveis motivos pelo desencadeamento desse sintoma.
4.4.            Saber como realizar os primeiros procedimentos no atendimento psicológico, independente do setor de atuação no hospital geral o psicólogo deve seguir o protocolo.
4.5.             Entender a violência no processo do adoecer, pois a doença do paciente se torna o centro de todos os envolvidos.
4.6.            Entender o simbolismo e crenças que envolvem a equipe, pacientes, família e psicossocial, a estratégia da psicologia hospitalar é tratar do adoecimento no registro simbólico, devendo ser um mediador, prestando suporte entre a tríade, paciente, família e equipe em todas as suas relações.
4.7.              Produzir anotações de forma clara em prontuário médico, obedecendo às regras e normas de conduta da instituição, pois essas informações pertinentes como diagnóstico dos tratamentos psicológicos devem ser de conhecimento da equipe multidisciplinar ou interdisciplinar.
4.8.             Treinamento e desenvolvimento de equipes ou treinamento por competência de equipes é de responsabilidade dos recursos humanos, onde deve-se identificar os setores que necessitam de treinamentos por competência assim proporcionando o contínuo desenvolvimento dos profissionais envolvidos. Esse desenvolvimento pode ser através de intercursos ou especializações externas onde poderá ter um investimento financeiro total ou parcial oferecido pela instituição hospitalar.
4.9.             Diagnosticar e tratar efeitos do cotidiano que a instituição hospitalar ocasiona em todos os envolvidos, o psicólogo deve estar atento à institucionalização que há no contexto hospitalar, minimizando os efeitos.
4.10          . Assistência domiciliar e atuação do psicólogo; Ao definir se o paciente deve continuar no ou na própria residência, verifica-se a necessidade do acompanhamento psicológico domiciliar, nesse caso o atendimento tem como objetivo a prevenção de doenças ou a des-hospitalização do pacientes.
4.11           O psicólogo deve constantemente rever suas práticas no contexto hospitalar, possibilitando novas formas de atuação. . O profissional da psicologia deve ter uma postura que transmita credibilidade a todos, tendo segurança ao se colocar, conhecendo a rotina e procedimentos do hospital e dos pacientes. Antes de realizar qualquer intervenção principalmente nos setores que envolvem pacientes, sempre se deve ter a certeza que não irá “atrapalhar” ou até prejudicar o trabalho da equipe, conseguintemente prejudicar o próprio paciente no seu processo de cura.  É necessário ter ciência do que há registrado no prontuário médico antes de qualquer intervenção.
“O prontuário do paciente representa segurança para os médicos cultos e conscienciosos, ameaça constante para audazes sem escrúpulos, ignorantes incorrigíveis e uma barreira intransponível contra reclamações e caprichos de clientes descontentes.” (Lacassagne). Portanto, o psicólogo deve registrar no prontuário médico como uma das regas principais no desenvolvimento do seu trabalho.
5.                  TÉCNICAS DE PSICOTERAPIA.
Importante, antes de citar uma abordagem específica o profissional da psicologia tem que levar em consideração a história da patologia, a psicopatologia e a real condição orgânica, mental e psíquica do paciente, essa avaliação é fundamental para uma intervenção psicoterápica de sucesso.  Essa mesma investigação devem ser realizados, com as equipes, familiares e demais envolvidos.
5.1.             Psicologia Clínica estuda o indivíduo em profundidade, na singularidade da sua história e no caso concreto que esse indivíduo apresenta porem em âmbito hospitalar o significado de clínica é o ato de inclinar-se para ouvir o paciente, compreendendo o momento, pois o processo terapêutico no hospital é rápido não possibilitando tal profundidade na clínica.
5.2.             Psicoterapia Breve é uma ação terapêutica que tem como objetivo diminuir a ansiedade de um paciente que sofra de dificuldades emocionais seja elas de que origem for. Trabalha com os conflitos, regressão, dependência, transferência, neurose de transferência, problemas da resistência, insight e elaboração, fortalecimento e ativação das funções egóicas, focalização, multiplicidade de recursos terapêuticos, planejamento, psicoterapia breve de orientação psicanalítica.
5.3.            A Psicoterapia Breve (PB) é notadamente eficiente no acompanhamento de pacientes da área hospitalar cuja principal dificuldade está em lidar adequadamente com algum distúrbio somático como situação problema (doença), o foco da PB no hospital é a doença e a relação que o paciente tem com ela e seus sintomas, tendo como ponto de urgência a hipótese psicodinâmica inicial que levou o paciente ao hospital.
5.4.             Psicoprofilaxia; A atividade tem como base um plano de análise psicológica, é o preparar ou elucidar o paciente, que irá passar por procedimentos, cirúrgicos, exames evasivos entre outros. Se necessário, deve desenvolver as potencialidades, o amadurecimento, mediante a circunstância, o resultado é de segurança, minimizando estresse, ansiedade, medo, entre outros.
6.                  DIAGNÓSTICO A MORTE
6.1.             O diagnóstico; Após o paciente apresenta inúmeras informações como, queixas, problemas, história de vida, desesperança, dores física e psíquica o psicólogo organiza todas as informações as analisa, assim obtendo uma hipótese de como melhor proceder.
6.2.             Impacto do diagnóstico; O paciente ao receber o diagnóstico de uma doença o impacto inicial é de choque, seguido de descrença e depois a negação, desencadeando o processo de viver em função da patologia, pois é um evento que se instala de forma central na vida da pessoa.  Portanto após o diagnóstico o paciente apresenta quatro estágios, o da negação, revolta, depressão e enfrentamento, esses estágios podem mudar de um dia para o outro, pois é um processo que esta sempre se alterando.
6.3.            Pacientes com doenças terminais e família; Segundo Soares (2007), os familiares têm necessidades específicas e apresentam frequências elevadas de estresse, distúrbios do humor e ansiedade durante o acompanhamento da internação, e que muitas vezes persiste após a morte de seu ente querido. Se não se levar em conta a família do paciente em fase terminal, não se pode ajudá-los eficazmente. No processo da doença, os familiares desempenham papel preponderante, e suas reações muito contribuem para a própria reação do paciente. É importante ressaltar, que os membros da família experimentam diferentes estágios de adaptação, semelhantes aos descritos com referência aos pacientes. A princípio, pode ser que neguem o fato de que haja aquela doença na família. No momento em que o paciente atravessa um estágio de raiva, os parentes próximos podem apresentar a mesma reação emocional. Por isso, quanto mais os profissionais da área ajudarem os parentes a extravasar estas emoções antes da morte de um ente querido, mais reconfortados se sentirão os familiares. Quanto mais desabafar este pesar antes da morte, mais a suportará depois.
6.4.            Paciente terminal e equipe; Segundo Caixeta (2005) se existir desde o início do tratamento uma relação médico-paciente sincera, no lugar de uma atitude de negação, mais facilmente ambas as partes podem sentir menos dificuldade em encarar a fase de terminalidade. Nesta fase, o doente deseja frequentemente colocar em ordem sua vida, reatar, se preciso laços com familiares da melhor forma possível, sem conflitos. Quer deixar uma boa imagem antes de morrer e para isso muitas vezes pede auxílio ao médico (e/ou a equipe), o que fica complicado quando há uma relação onde é priorizada a atitude de denegação. Atitudes como cuidados constantes, combate da dor, realizadas por alguns profissionais de saúde, provam ao paciente que não há abandono nesta fase, pois o individuo em tal condição, receia geralmente mais a solidão do que a morte. Não existe um projeto da psicologia hospitalar para que o paciente “morra feliz”, porém existe uma priorização para a promoção, através de cuidados fornecidos pela equipe, para que haja uma morte digna, que pode se traduzir em morrer sem muita dor e com níveis de angústia suportáveis. É importante que se mantenha o paciente limpo apesar de apresentar incontinência esfincteriana, neutralizar odores desagradáveis, aspirar secreções brônquicas, controlar edemas periféricos e pulmonares, prevenir e/ou cuidar das escaras (tão comuns em pacientes acamados) entre outros cuidados que podem ser demandados. Na área de cuidados paliativos existem estudos e práticas que têm como objetivo resgatar a dignidade do paciente respeitando a sua autonomia e priorizando o princípio da não maleficência como forma de evitar a “obstinação terapêutica”. Percebe-se então, que uma aproximação ao significado que a fase terminal da vida tem para os profissionais que dela se ocupam, é uma ferramenta importante para permitir à equipe de saúde melhor aproximação destes pacientes (Quintana, Kegler, Santos, Lima, 2006).
6.5.             Assistência psicológica domiciliar; O tratamento domiciliar, um tipo de atendimento que pode ter como objetivo a prevenção de doenças ou a desospitalização do pacientes, toda a equipe se deslocará até a residência do paciente, cada um com sua agenda de tratamento, o psicólogo também está inserido nesta intervenção, sendo que terá um protocolo a ser seguido, pois as condições devem ser as mesmas do hospital, só que domiciliar.
6.6.            A morte no contexto hospitalar; Segundo o texto A Morte e o Morrer de Roosevelt M. Smeke Cassorla geralmente o profissional não se da conta do seu adoecimento nem dos seus desencadeadores: o contato com a morte e o morrer e as fantasias inconscientes que o acompanham e podem tanto desenvolver fobias ou contra fobias, criando-se obstáculos que repercutiu na desumanização na área da saúde e na “coisificação” do paciente. A morte muitas vezes é vista pelos profissionais da saúde como fracasso em contra partida a visão dos pacientes e dos familiares é como o prolongamento da vida, ou seja, a oportunidade de um maior tempo de convívio. Portanto o Psicólogo hospitalar deve entender a morte e o luto sendo um conjunto de reações a uma perda significativa, geralmente pela morte do outro ser. O psicólogo hospitalar deve promover intervenções, considerando as necessidades detectadas, no processo desde, o adoecer até o óbito. Pode atuar elucidando os sentimentos como medo desamparo, ressentimento da família e equipe. Como abordar a família quanto à aproximação da morte e como acolher os fortes sentimentos presentes nessas situações. Quando diagnosticado a morte o paciente e todos os envolvidos podem apresentar os estágios, estágio da negação, estágio da raiva, estágio da negociação e o estágio da depressão, o estágio da aceitação é possível ocorrer quando o paciente e todos os envolvidos tiveram ajuda durante todo o processo. Em situações limite o psicólogo deve ter a empatia e entender que o paciente necessita de outro ser humano e que este funcione como “continente” isso implica em ouvir, mesmo onde há silêncio privilegiando a oportunidade do paciente expressar da forma que desejar, o resultado é observável, pois é notória a gratidão do doente pelo interlocutor que respeita e entende a sua condição. Neste percurso do adoecer até a morte o fundamental é identificar os sinais seja a negação ou outros o importante é que esses sinais sejam identificados, trabalhados, discutidos, aceitos, tentando fazer com que aumente a possibilidade do processo de morrer seja elaborativo e digno.
6.7.            Bioética no contexto hospitalar; O psicólogo hospitalar deve ter pleno conhecimento da Bioética, o que esse tema envolve. A discussão dos temas relacionados à morte e ao morrer dentro dos hospitais é de fundamental importância. Os assuntos que sempre são debatidos, pois há solicitação dos pacientes ou familiares são: “morrer com dignidade”, “pedidos para morrer”, “testamentos em vida”, “não implantação ou não manutenção de tratamentos com objetivo de prolongamento de vida”, “eutanásia”, “suicídio assistido”, “sedação”, “uso de analgesia”. A maioria dos hospitais tem os seus comitês de ética, favorecendo a criação de espaços de discussão, enfatizando sua característica multidisciplinar, estimulando o questionamento, a ampliação da discussão, o olhar sob vários ângulos, desencorajando respostas rápidas e simplistas, respeitando-se os princípios da bioética que são a beneficência, a não maleficência, autonomia e justiça.
7.                  PSICOLOGIA HOSPITALAR UM ESPAÇO PARA PESQUISAS.
7.1.              As pesquisas tem o intuito de promover o avanço da ciência para a Humanidade. Resultados obtidos podem tornar as pesquisas significativas, pois podem elucidar características antes desconhecidas como, entender à evolução das doenças, evolução dos transtornos, síndromes, assim reconhecer os sintomas mais precocemente, conhecer o tempo de evolução da patologia ou psicopatologia, a etiologia, pode-se fazer analises descritivas dos casos, se há maior recorrência em mulheres ou em homens, ou seja, pode obter muitas outras informações e características. E o hospital é um local que possibilita essas novas pesquisas, desde que se siga o protocolo, que o comitê ético aprove, certamente novos artigos serão publicados e a psicologia poderá atua de forma preventiva e eficaz.
7.2.             Estatísticas: com a importância em quantificar os dados relacionados à saúde para que se possa planejar os serviços, medidos pela demanda de cada setor, a estatística torna-se indispensável no âmbito hospitalar. Não somente nesse sentido, mas também favorecendo no que se diz respeito à mortalidade, e fornecendo subsídios para a caracterização da saúde e em estudos epidemiológicos.






REFERÊNCIAS
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