PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO TRABALHO PSICOLÓGICO EM UM HOSPITAL
GERAL
A Psicologia Hospitalar surge para proporcionar o
entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos que envolvem o adoecer do
ser humano. A hospitalização pode ser vivida como um dos momentos mais difíceis
do adoecer. Nesse cenário, o papel do psicólogo torna-se fundamental para
auxiliar a tríade de ação hospitalar, ,a saber, os pacientes, a família e a equipe
do hospital na travessia do tratamento. A prática da Psicologia Hospitalar tem
também como foco de ação, entender a subjetividade do que é falado pelo
paciente. O psicólogo hospitalar deve se atentar ao significado da doença para
cada paciente, pois cada indivíduo possui uma atitude diante a doença de
maneira subjetiva, sendo assim, toda doença tem um significado psíquico, e o
psicólogo utiliza de duas técnicas, a escuta analítica e manejo situacional,
para compreendê-los.
A função do psicólogo no hospital pode ser primária, porém é
centrada nos âmbitos secundário (atividades
assistenciais) e terciário (capacidade
resolutiva dos casos mais complexos do sistema, hospitais especializados e de
especialidades) de atenção à saúde. Atua em
instituições de saúde realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico;
grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em
ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em
geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica;
psicodiagnóstico; consultoria e inter consultoria.
Rodriguez, Marín (2003) sintetiza as seis tarefas básicas do
psicólogo que trabalha em hospital:
1) Função de
coordenação: relativa às atividades com os funcionários do hospital;
2) Função de ajuda à
adaptação: em que o psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e
recuperação do paciente internado;
3) Função de inter consulta: atua como consultor, ajudando
outros profissionais a lidarem com o paciente;
4) Função de enlace: intervenção, através do delineamento e
execução de programas junto com outros profissionais, para modificar ou
instalar comportamentos adequados dos pacientes;
5) Função assistencial direta: atua diretamente com o
paciente;
6) Função de gestão de recursos humanos: para aprimorar os
serviços dos profissionais da organização.
Para elaborar um projeto de implantação do trabalho
psicológico em um hospital geral deve haver conhecimento dos aspectos
conceituais da psicologia hospitalar, conhecendo
as particularidades geográficas e culturais do local de implantação, assim
buscando suprir a real necessidade da saúde local.
Aspectos conceituais
da psicologia hospitalar para elaboração de um projeto de implantação do
trabalho psicológico em hospital geral.
Definição:
A psicologia é o campo de entendimento e tratamento dos
aspectos psicológicos em torno do adoecimento.
Objetivos:
O objetivo da psicologia hospitalar é a subjetividade, ajudando o paciente a fazer a travessia da
experiência do tratamento.
Filosofia:
Valor para a Medicina é a cura
Valor para a Psicologia Hospitalar é a subjetividade.
Prática para a Medicina é de curar doenças.
Prática para a Psicologia é de reposicionar o sujeito em
relação à doença.
Destino do sintoma para a Medicina é a destruição.
Destino do sintoma para a Psicologia é a escuta.
Subjetividade para a Medicina é excluída.
Subjetividade para a Psicologia é focada.
Cura para a Medicina é focada.
Cura para a Psicologia é transcendida.
Estratégia:
A estratégia da psicologia hospitalar é tratar do adoecimento
no registro do simbólico.
Técnica:
Escuta analítica e manejo situacional.
Paradigma:
O ser humano como um todo... Se não o todo, ao menos o
plural.
Importante entender que em um hospital “não existem doenças e
sim doentes”. (Perestrello).
1.
IDENTIFICAÇÃO.
1.1.
Identificar
as condições essenciais para garantir a boa atuação do profissional da
psicologia de modo que as intervenções psicológicas se tornem acessíveis e
efetivas.
1.2.
Identificar
formas em que as normas e procedimentos de atendimento podem ser melhorados,
garantindo pronto atendimento, tornando mais imediato e eficaz as intervenções
psicológicas.
1.3.
Deve-se ter
em mente que o estudo e pesquisa sobre a população atendida precisa ser
constante e não tem fim, pois a cultura é mutável e sendo assim, o atendimento
deve buscar adaptar-se constantemente.
1.4.
O Psicólogo hospitalar
deve manter a postura de um investigador dos
fenômenos, tornando possível no presente a atuação de forma preventiva e não
apenas recorrente Para obter sucesso como um investigador, é preciso extrair os
problemas da própria prática e realidade em que se atua, visando, desse modo, o
aprimoramento da prática.
2.
IDENTIDADE DO PSICÓLOGO
NO ÂMBITO HOSPITALAR.
2.1.
Elucidação do
trabalho psicológico como compromisso ético.
2.2.
Proporcionar
a elucidação de como o trabalho do psicólogo hospitalar é realizado para uma
melhor compreensão de todos (equipes, pacientes, familiares). Havendo a
compreensão, pressupõe-se que todos os envolvidos se sentirão seguros à atuação
do psicólogo hospitalar, sendo assim aumentando a garantia de uma atuação
efetiva do profissional da psicologia hospitalar nas intervenções.
3.
SETORES DE ATUAÇÃO.
3.1.
Divisão
em setores, segmentos de habilidades e competências para atender as necessidades
da demanda hospitalar.
3.1.1. Planta
Hospitalar/Setores/Atuação por competência.
·
Recursos Humanos; Administrar pessoas na área da
saúde é encontrar profissionais que atendam às necessidades da instituição e
tenham vocação para lidar com o capital humano. É importante contratar para o quadro
de funcionários pessoas com boa formação acadêmica e pró-atividade no sentido
de identificar possíveis necessidades dos pacientes e funcionários. Além disso,
o RH de uma instituição de saúde precisa estar sempre atento às políticas da
empresa com relação aos seus colaboradores, seja na capacitação dessas pessoas
através de programas de treinamento e desenvolvimento, ou com os programas de
investimento em qualidade de vida. Deve-se,
também, implantar um modelo de gestão por competência que influencia nas
tomadas de decisão do departamento de recursos humanos, como por exemplo, pela
identificação de pontos fortes e déficits a serem trabalhados assim planejando
as intervenções. Com isso, o hospital passa a se preocupar mais com o bem estar
de seus funcionários e oferece condições para que eles consigam administrar os
efeitos do cotidiano da instituição hospitalar.
Importante:
Equipe de higienização hospitalar, Assistente Social, Nutricionista,
Cozinheiros, Copeiras, Equipe de Laboratório de Análise, Departamento De Pessoal,
Segurança do Trabalho, Equipe de Segurança Patrimonial e Pessoal, Administração
(faturamento), Administração (gerenciamento hospitalar), Lavanderia, Equipe
fixa de manutenção predial entre outros, TI, 0800, Vendas pré e pós, Call
Center, Farmácia de Manipulação, Farmácia para abastecer os setores do
hospital, Almoxarifado, Motoristas.
·
Pronto Socorro; O Pronto Socorro é um setor permeado por uma série de limites, pois prioriza
o atendimento de alta complexidade e oferece assistência de qualidade. Os
funcionários desse setor vivenciam nesta rotina o risco iminente de morte, o intenso
sofrimento físico, emocional e o óbito. O papel do psicólogo hospitalar nesse
contexto é procurar melhorara qualidade do atendimento prestado, dando a
assistência ao paciente e ao funcionário, já que a pressão psicológica esta
presente em ambos os casos.
·
Unidade de Terapia Intensiva Adulto: O psicólogo junto
à equipe da unidade de terapia intensiva tem por objetivo agregar suas
experiências à equipe multidisciplinar.
·
O
psicólogo com seu conhecimento teórico e de vivencia como profissional, visa
tornar possível junto da equipe os demais cuidadores a promoção de um largo
suporte à vida do paciente atingindo numa dimensão biopsicossocial.
·
As condições estressantes observadas na unidade
de terapia intensiva tem impacto emocional evidente, podendo desencadear danos
severos à saúde do paciente e o agravamento não apenas físico como emocional,
que poderá atingir também a família, bem como a equipe multidisciplinar
envolvida, onde o suporte psicológico deve ser em caráter de emergência.
·
Unidade
de Terapia Intensiva Infantil: Assim como a unidade de terapia intensiva para adultos,
a missão principal é aliar o trabalho do psicólogo ao trabalho das equipes cuidadoras
prestando apoio psicológico emergencial para crianças em tratamento intensivo.
O papel do psicólogo nesta será tornar o período de internação da criança o
mais ameno possível, através de atividades lúdicas, técnicas de psicoterapia
clínica e conversas informais.
·
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: O foco de
trabalho dos profissionais desta unidade deve concentrar-se no apoio as mães
que comumente sofrem pelas condições nas quais seus filhos se encontram. Além
disso, deve ser mantida a conscientização de toda a equipe acerca da
importância de manter a mãe e a família do bebê informada sobre seu quadro,
sendo continente e afável para suas queixas e dúvidas.
·
Enfermaria: Deve-se manter a manutenção e boa comunicação na
tríade hospitalar: paciente; equipe e família, o psicólogo deste setor tem como
função principal a escuta dos sentimentos do pacientes perante a hospitalização
de modo que este se sinta confortável e amparado.
·
Apartamento adulto por gênero: Tal qual nos outros setores, o psicólogo incumbido de
fazer visitação em apartamentos deve promover o bem estar emocional, a fim de
promover e potencializar a recuperação do paciente. Através da escuta e da
intervenção psicoterapêutica o profissional deverá integrar-se a equipe
multidisciplinar do hospital a fim de tratar o paciente de forma holística,
respeitando diferenças de gênero, sociais e todas as outras facetas que formam
um indivíduo.
·
Apartamento maternidade: Além dos procedimentos padrões ao psicólogo hospital,
será incumbida ao profissional desde setor a função de: ser um canal onde a mãe
e a família do bebê expressem suas emoções e pensamentos perante o nascimento
das crianças, auxiliando-os a elaborarem as fantasias fruto da chegada da
criança, bem como apontar as reais demandas um recém-nascido; tratamento
psicoterapêutico emergencial em casos de depressão pós-parto, nascimento de
filhos não desejados, portadores de deficiência física ou prematuros.
·
Apartamento Doenças Infectos contágios: Mantendo o enfoque na tríade: paciente, família e
equipe, o profissional desde setor deve promover a conscientização de famílias
e pacientes acerca de doenças infecciosas bem como medidas profiláticas. Cabe
também fazer uso de técnicas psicoterapêuticas para que o paciente consiga
adaptar-se a sua doença e prosseguir com sua vida da forma mais natural
possível.
Além disso, é dever psicólogo conscientizar a
equipe hospitalar acerca das peculiaridades e fragilidades psíquicas de
paciente portadoras de doenças infecciosas, visando que o tratamento recebido
por este seja o mais humano possível.
·
Ambulatório de emergencial: Seguinte à meta da humanização da saúde, este
profissional deve oferecer apoio e escuta principalmente para equipe, afim de
que esta cumpra com seus papéis e mantenham sempre o bom atendimento como meta
máxima. Fica a cargo do psicólogo desta área o apoio e a intervenção em casos
de necessidade, e escuta de famílias de pacientes com diagnósticos e
prognósticos graves.
·
Ambulatório Eletivo: Ambulatório
Eletivo:
Destina-se ao atendimento de pacientes primordialmente para diagnóstico e
tratamento, através de execução de ações de promoção, prevenção, recuperação, reabilitação
dirigida ao indivíduo, à família e ao meio, quando a não necessidade
de intervenção. (Proahsa, 1978). Portanto são pacientes que não apresentam
casos patológicos em caráter de urgência.
Busca trazer para o âmbito
hospitalar o amplo acesso a especialidades
relacionadas à saúde. O ambulatório eletivo possui como missão
promover um atendimento humanizado ao “paciente
eletivo”
com competência
técnica de excelência, otimizando a utilização da estrutura
assistencial do hospital, contudo os pacientes que buscam o
ambulatório eletivo podem provem de um grupo de pessoas com excessiva e
infundada preocupação, não caracterizando a emergência com a própria saúde, um
exemplo são os hipocondríacos, outro grupo que procura ambulatório eletivo são
os assintomáticos. No aspecto emocional o profissional da psicologia deve atuar
na subjetividade das hipóteses elencadas pelo médico de determinada
especialidade e no diagnóstico, pois o paciente eletivo que tem uma doença
orgânica pode ser influenciado por fatores psíquicos agravando sua real
condição de doente.
O ambulatório eletivo,
ou ambulatório de especialidades funciona com
horários específicos, as consultas são agendadas por telefone ou nos guichês de atendimento.
·
Diagnósticos de Doenças Infectas
Contagiosas Pandêmicas ou Epidêmicas;
Esse
setor tem por obrigação fazer o levantamento das doenças dos pacientes que
deram entrada no hospital e informar o órgão competente. Esse procedimento
antecipa possíveis epidemias ou alterações relevantes. Faz-se compreender o
porquê do caso de contagio do paciente ou dos pacientes.
O
psicólogo hospitalar pode diagnosticar o porquê do surgimento da doença e
poderá colaborar, no sentido de ser um caso isolado e/ou pandêmico ou epidêmico,
pois apresentará fenômenos no âmbito psicossocial.
4.
ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO
HOSPITALAR.
4.1.
Ter
embasamento teórico referente ao contexto hospitalar, especialização específica
para o âmbito hospitalar, potencializar a habilidade de investigador, ser
empático, ter a sensibilidade de atuar mesmo ao que se refere às adversidades
da cultura e novos comportamentos da sociedade.
4.2.
Conduzir uma boa entrevista e anamnese, pois esses procedimentos há um protocolo a
seguir e sempre se deve utilizar da sensibilização promovendo o bem estar.
4.3.
Faz-se necessário conhecer a história natural
das doenças, desse modo, o psicólogo saberá identificar os fatores de risco que aumentam a probabilidade do adoecer e
desenvolver além dos sintomas físicos, também sintomas psíquicos,
psicopatológicas ou psicossomáticas e que venham manifestar-se ou que já
estejam instalados fazendo com que o paciente apresente a patologia mais
comorbidades. Uma paciente com pseudociese
(gravidez psicológica), esta vivenciando uma fantasia delirante e somente
após as dores do parto e o não nascimento da criança o sintoma da gestação
desaparece e torna-se possível um encaminhamento para acompanhamento
psicoterápico. Portanto, ao diagnosticar e realizar uma intervenção deve levar
em consideração a subjetividade da história natural da doença e os possíveis
motivos pelo desencadeamento desse sintoma.
4.4.
Saber como realizar os
primeiros procedimentos no atendimento psicológico, independente do setor de
atuação no hospital geral o psicólogo deve seguir o protocolo.
4.5.
Entender a violência no processo do adoecer,
pois a doença do paciente se torna o centro de todos os envolvidos.
4.6.
Entender o simbolismo e
crenças que envolvem a equipe, pacientes, família e psicossocial, a estratégia
da psicologia hospitalar é tratar do adoecimento no registro simbólico, devendo
ser um mediador, prestando suporte entre a tríade, paciente, família e equipe
em todas as suas relações.
4.7.
Produzir anotações de forma clara em
prontuário médico, obedecendo às regras e normas de conduta da instituição,
pois essas informações pertinentes como diagnóstico dos tratamentos psicológicos
devem ser de conhecimento da equipe multidisciplinar ou interdisciplinar.
4.8.
Treinamento e desenvolvimento de equipes ou treinamento
por competência de equipes é de responsabilidade dos recursos humanos, onde deve-se
identificar os setores que necessitam de treinamentos por competência assim
proporcionando o contínuo desenvolvimento dos profissionais envolvidos. Esse desenvolvimento
pode ser através de intercursos ou especializações externas onde poderá ter um
investimento financeiro total ou parcial oferecido pela instituição hospitalar.
4.9.
Diagnosticar e tratar efeitos
do cotidiano que a instituição hospitalar ocasiona em todos
os envolvidos, o psicólogo deve estar atento à institucionalização que há no
contexto hospitalar, minimizando os efeitos.
4.10
. Assistência domiciliar e atuação do psicólogo; Ao definir se o paciente
deve continuar no ou na própria residência, verifica-se a necessidade do
acompanhamento psicológico domiciliar, nesse caso o atendimento tem como objetivo a prevenção de doenças ou a des-hospitalização
do pacientes.
4.11
O
psicólogo deve constantemente rever suas práticas no contexto hospitalar,
possibilitando novas formas de atuação. . O profissional da psicologia deve ter
uma postura que transmita credibilidade a todos, tendo segurança ao se colocar,
conhecendo a rotina e procedimentos do hospital e dos pacientes. Antes de realizar
qualquer intervenção principalmente nos setores que envolvem pacientes, sempre se
deve ter a certeza que não irá “atrapalhar” ou até prejudicar o trabalho da
equipe, conseguintemente prejudicar o próprio paciente no seu processo de cura.
É necessário ter ciência do que há
registrado no prontuário médico antes de qualquer intervenção.
“O prontuário do paciente representa segurança para os
médicos cultos e conscienciosos, ameaça constante para audazes sem escrúpulos,
ignorantes incorrigíveis e uma barreira intransponível contra reclamações e
caprichos de clientes descontentes.” (Lacassagne). Portanto, o psicólogo deve registrar
no prontuário médico como uma das regas principais no desenvolvimento do seu
trabalho.
5.
TÉCNICAS DE PSICOTERAPIA.
Importante,
antes de citar uma abordagem específica o profissional da psicologia tem que
levar em consideração a história da patologia, a psicopatologia e a real
condição orgânica, mental e psíquica do paciente, essa avaliação é fundamental
para uma intervenção psicoterápica de sucesso.
Essa mesma investigação devem ser realizados, com as equipes, familiares
e demais envolvidos.
5.1.
Psicologia Clínica estuda o indivíduo em profundidade, na singularidade da sua
história e no caso concreto que esse indivíduo apresenta porem em âmbito
hospitalar o significado de clínica é o ato de inclinar-se para ouvir o
paciente, compreendendo o momento, pois o processo terapêutico no hospital é
rápido não possibilitando tal profundidade na clínica.
5.2.
Psicoterapia Breve é uma ação terapêutica que
tem como objetivo diminuir a ansiedade de um paciente que sofra de dificuldades
emocionais seja elas de que origem for. Trabalha com os conflitos, regressão,
dependência, transferência, neurose de transferência, problemas da resistência,
insight e elaboração, fortalecimento e ativação das funções egóicas,
focalização, multiplicidade de recursos terapêuticos, planejamento,
psicoterapia breve de orientação psicanalítica.
5.3.
A Psicoterapia Breve (PB) é notadamente
eficiente no acompanhamento de pacientes da área hospitalar cuja principal
dificuldade está em lidar adequadamente com algum distúrbio somático como
situação problema (doença), o foco da PB no hospital é a doença e a relação que
o paciente tem com ela e seus sintomas, tendo como ponto de urgência a hipótese
psicodinâmica inicial que levou o paciente ao hospital.
5.4.
Psicoprofilaxia; A atividade tem como base um plano de análise
psicológica, é o preparar ou elucidar o paciente, que irá passar por
procedimentos, cirúrgicos, exames evasivos entre outros. Se necessário, deve desenvolver
as potencialidades, o amadurecimento, mediante a circunstância, o resultado é
de segurança, minimizando estresse, ansiedade, medo, entre outros.
6.
DIAGNÓSTICO A MORTE
6.1.
O diagnóstico; Após o paciente apresenta
inúmeras informações como, queixas, problemas, história de vida, desesperança,
dores física e psíquica o psicólogo organiza todas as informações as analisa,
assim obtendo uma hipótese de como melhor proceder.
6.2.
Impacto do diagnóstico; O paciente ao receber
o diagnóstico de uma doença o impacto inicial é de choque, seguido de descrença
e depois a negação, desencadeando o processo de viver em função da patologia,
pois é um evento que se instala de forma central na vida da pessoa. Portanto após o diagnóstico o paciente
apresenta quatro estágios, o da negação, revolta, depressão e enfrentamento,
esses estágios podem mudar de um dia para o outro, pois é um processo que esta
sempre se alterando.
6.3.
Pacientes com
doenças terminais e família; Segundo Soares (2007), os familiares têm
necessidades específicas e apresentam frequências elevadas de estresse,
distúrbios do humor e ansiedade durante o acompanhamento da internação, e que
muitas vezes persiste após a morte de seu ente querido. Se não se levar em
conta a família do paciente em fase terminal, não se pode ajudá-los
eficazmente. No processo da doença, os familiares desempenham papel
preponderante, e suas reações muito contribuem para a própria reação do
paciente. É importante ressaltar, que os membros da família experimentam
diferentes estágios de adaptação, semelhantes aos descritos com referência aos
pacientes. A princípio, pode ser que neguem o fato de que haja aquela doença na
família. No momento em que o paciente atravessa um estágio de raiva, os
parentes próximos podem apresentar a mesma reação emocional. Por isso, quanto
mais os profissionais da área ajudarem os parentes a extravasar estas emoções
antes da morte de um ente querido, mais reconfortados se sentirão os
familiares. Quanto mais desabafar este pesar antes da morte, mais a suportará
depois.
6.4.
Paciente
terminal e equipe; Segundo Caixeta (2005) se existir desde o início do
tratamento uma relação médico-paciente sincera, no lugar de uma atitude de
negação, mais facilmente ambas as partes podem sentir menos dificuldade em
encarar a fase de terminalidade. Nesta fase, o doente deseja frequentemente
colocar em ordem sua vida, reatar, se preciso laços com familiares da melhor
forma possível, sem conflitos. Quer deixar uma boa imagem antes de morrer e
para isso muitas vezes pede auxílio ao médico (e/ou a equipe), o que fica
complicado quando há uma relação onde é priorizada a atitude de denegação.
Atitudes como cuidados constantes, combate da dor, realizadas por alguns
profissionais de saúde, provam ao paciente que não há abandono nesta fase, pois
o individuo em tal condição, receia geralmente mais a solidão do que a morte.
Não existe um projeto da psicologia hospitalar para que o paciente “morra feliz”,
porém existe uma priorização para a promoção, através de cuidados fornecidos
pela equipe, para que haja uma morte digna, que pode se traduzir em morrer sem
muita dor e com níveis de angústia suportáveis. É importante que se mantenha o
paciente limpo apesar de apresentar incontinência esfincteriana, neutralizar
odores desagradáveis, aspirar secreções brônquicas, controlar edemas
periféricos e pulmonares, prevenir e/ou cuidar das escaras (tão comuns em
pacientes acamados) entre outros cuidados que podem ser demandados. Na área de
cuidados paliativos existem estudos e práticas que têm como objetivo resgatar a
dignidade do paciente respeitando a sua autonomia e priorizando o princípio da
não maleficência como forma de evitar a “obstinação terapêutica”. Percebe-se
então, que uma aproximação ao significado que a fase terminal da vida tem para
os profissionais que dela se ocupam, é uma ferramenta importante para permitir
à equipe de saúde melhor aproximação destes pacientes (Quintana, Kegler,
Santos, Lima, 2006).
6.5.
Assistência psicológica domiciliar; O tratamento domiciliar, um tipo de atendimento que pode ter como objetivo a prevenção de
doenças ou a desospitalização do pacientes, toda a
equipe se deslocará até a residência do paciente, cada um com sua agenda de
tratamento, o psicólogo também está inserido nesta intervenção, sendo que terá
um protocolo a ser seguido, pois as condições devem ser as mesmas do hospital,
só que domiciliar.
6.6.
A morte no contexto
hospitalar; Segundo o texto A Morte e o
Morrer de Roosevelt M. Smeke Cassorla geralmente o profissional não se da
conta do seu adoecimento nem dos seus desencadeadores: o contato com a morte e
o morrer e as fantasias inconscientes que o acompanham e podem tanto
desenvolver fobias ou contra fobias, criando-se obstáculos que repercutiu na
desumanização na área da saúde e na “coisificação” do paciente. A morte muitas
vezes é vista pelos profissionais da saúde como fracasso em contra partida a
visão dos pacientes e dos familiares é como o prolongamento da vida, ou seja, a
oportunidade de um maior tempo de convívio. Portanto o Psicólogo hospitalar
deve entender a morte e o luto sendo um conjunto de reações a uma perda significativa, geralmente pela morte do outro ser. O
psicólogo hospitalar deve promover intervenções, considerando as necessidades
detectadas, no processo desde, o adoecer até o óbito. Pode atuar elucidando os sentimentos
como medo desamparo, ressentimento da família e equipe. Como abordar a família quanto à aproximação da morte e como
acolher os fortes sentimentos presentes nessas situações. Quando diagnosticado
a morte o paciente e todos os envolvidos podem apresentar os estágios, estágio
da negação, estágio da raiva, estágio da negociação e o estágio da depressão, o
estágio da aceitação é possível ocorrer quando o paciente e todos os envolvidos
tiveram ajuda durante todo o processo. Em situações limite o psicólogo deve ter
a empatia e entender que o paciente necessita de outro ser humano e que este
funcione como “continente” isso implica em ouvir, mesmo onde há silêncio
privilegiando a oportunidade do paciente expressar da forma que desejar, o
resultado é observável, pois é notória a gratidão do doente pelo interlocutor
que respeita e entende a sua condição. Neste percurso do adoecer até a morte o
fundamental é identificar os sinais seja a negação ou outros o importante é que
esses sinais sejam identificados, trabalhados, discutidos, aceitos, tentando
fazer com que aumente a possibilidade do processo de morrer seja elaborativo e
digno.
6.7.
Bioética no contexto hospitalar; O psicólogo hospitalar deve ter pleno
conhecimento da Bioética, o que esse tema
envolve. A discussão dos temas relacionados à
morte e ao morrer dentro dos hospitais é de fundamental importância. Os
assuntos que sempre são debatidos, pois há solicitação dos pacientes ou
familiares são: “morrer com dignidade”, “pedidos para morrer”, “testamentos em
vida”, “não implantação ou não manutenção de tratamentos com objetivo de
prolongamento de vida”, “eutanásia”, “suicídio assistido”, “sedação”, “uso de
analgesia”. A maioria dos hospitais tem os seus comitês de ética, favorecendo a
criação de espaços de discussão, enfatizando sua característica
multidisciplinar, estimulando o questionamento, a ampliação da discussão, o
olhar sob vários ângulos, desencorajando respostas rápidas e simplistas,
respeitando-se os princípios da bioética que são a beneficência, a não
maleficência, autonomia e justiça.
7.
PSICOLOGIA HOSPITALAR UM
ESPAÇO PARA PESQUISAS.
7.1.
As pesquisas tem o intuito de
promover o avanço da ciência para a Humanidade. Resultados
obtidos podem tornar as pesquisas significativas, pois podem elucidar
características antes desconhecidas como, entender à evolução das doenças,
evolução dos transtornos, síndromes, assim reconhecer os sintomas mais
precocemente, conhecer o tempo de evolução da patologia ou psicopatologia, a
etiologia, pode-se fazer analises descritivas dos casos, se há maior
recorrência em mulheres ou em homens, ou seja, pode obter muitas outras informações
e características. E o hospital é um local que possibilita essas novas
pesquisas, desde que se siga o protocolo, que o comitê ético aprove, certamente
novos artigos serão publicados e a psicologia poderá atua de forma preventiva e
eficaz.
7.2.
Estatísticas: com a
importância em quantificar os dados relacionados à saúde para que se possa
planejar os serviços, medidos pela demanda de cada setor, a estatística
torna-se indispensável no âmbito hospitalar. Não somente nesse sentido, mas
também favorecendo no que se diz respeito à mortalidade, e fornecendo subsídios
para a caracterização da saúde e em estudos epidemiológicos.
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